domingo, 25 de julho de 2010

diário de artista - caderno

desenhos, fotos e colagens - e memórias da infância
a casa azul, o jardim e o diagnóstico da minha surdez por uma simples cigarra






sobre livros - exposição na casa contemporânea

estou lá na estante de livros com uma cópia de parte de um caderno meu de anotações com idéias e memórias que passam pela minha cabeça. Algumas viraram arte (mapa afetivo - no aluga-se) outras não e outras podem vir a ser.

casa contemporânea
rua capitão macedo, 370
vila mariana
segunda à sexta das 14hs às 20 hs
até dia 25/09/10

aluga-se - gravuras

Minha primeira experiência com gravura. Aqui minha matriz inseto, no linólio.

A idéia da repetição, de poder gravar no ateliê com uma colher de pau e daí multplicar em várias ideias me fascina.


caixa "grava-se" para a edição de grvura dos artistas do aluga-se.

Fizemos uma oficina de gravuras . O Giba quem deu as aulas e no final, no encerramento do Aluga-se, colocamos a nossa produção em exposição.

sábado, 24 de julho de 2010

aluga-se - o público

fotos tiradas ao longo dos dois meses de Aluga-se - pessoas que por lá








"o artista , sua atitude é a atitude estética frente à obra de arte, a daquele que cria; a primeira descrita, que considera apenas o conteúdo, é a do povo. Do homem que está no meio não há o que dizer, ele não é povo nem artista e não sabe o que quer: também o seu prazer é confuso e pequeno. "(Nietzsche)

terça-feira, 20 de julho de 2010

árvores - exposição aluga-se 2010

12 montagens de desenhos - papel arroz sobre madeira 15x10 cm
desenho a lapiz em papel arroz 5x7 cm

desenho a lapiz em papel arroz 180x120

segunda-feira, 19 de julho de 2010

conversas no aluga-se







Nos dois meses do Aluga-se tivemos conversas interessantes com gente interessante. Passaram por lá Ricardo Ohtake, Vilma Eid, Fernanda Feitosa, Marcelo Araújo, Mario Gioia, Cauê Alves e os artistas Rgina Silveira, Leda Catunda, Sergio Romagnolo, Sandra Cinto, Lais Myrrha, Albano Afonso e Fernando Velazquéz.

domingo, 4 de julho de 2010

árvores e o mapa afetivo - exposicão aluga-se




árvores


mapa afetivo

Em primeiro lugar, imagens da natureza são desfiguradas para se obter simetria, como se, à maneira dos primeiros filósofos, fosse preciso fazer com que os seres se adequassem a uma ordem natural. O segundo momento rompe essa idéia de “harmonia pré-estabelecida” por meio da descoberta de uma ordenação do espaço que não corresponde à racionalidade, mas à “memória involuntária”. O resultado é um regresso à investigação da natureza, mas desta vez com a consciência do valor de uma sutil assimetria, que reabilita as imagens. Em suas formas simples e individualizadas, cada uma é como o sinal de uma idéia intuitiva e emocional de natureza, uma “idéia estética”.

(José Bento)

um espaço vazio

esboço para montagem da sala
Foi me dado um espaço com a liberdade de colocar a obra que eu quisesse. Isto é maravilhoso para o artista, ao mesmo tempo angustiante. Na semiótica fala-se na lógica da incerteza, em meio ao acaso e o surgimento de idéias novas. Um processo a se seguir sem saber por onde começar.

Eu vinha trabalhando com a idéia da repetição, do caleidoscópio, da surpresa por novas imagens, seguindo o mesmo trabalho das fotografias, mas estava fazendo uma experiencia com meus desenhos. Eram desenhos com árvores. E as árvores repetidas e espelhadas me causavam surpresas. Gosto de imagens criadas no imprevisto.

E trabalhar com as árvores me fez lembrar uma árvore que marcou muito a minha infância, uma Acacia amarela que acompanhou a mudança da minha família de uma cidade para outra. E até hoje faz parte da vida da minha família.
E com as lembranças, iniciei um novo processo de mapear a memória através das lembranças onde passei minha infancia e adolescencia, desenhando o mapa da cidade, onde o início era a casa azul da acácia amarela e o rio que passava na cidade.
A casa, a árvore e o rio - três coisas marcantes na minha vida.

Yara Dewachter falava muitas vezes que tinhamos que ficar na nossa sala, pensando no que fazer, como fazer e isso foi determinante para o processo todo. Pensei então em coloca os dois trabalhos: mapa afetivo e arvores caleidoscópicas.
O diálogo entre as duas são as raízes. As raízes mais profundas de nossa memória. E o diálogo com a obra e a casa é o habitat. O espaço que vivemos.

"Quando , na nova casa, retornam as lembranças das antigas moradas, transportando-nos ao país da Infancia Imóvel, imóvel como o Imemorial. Reconfortamo-nos ao reviver lembranças de proteção." (Gaston Bachelard).

O melhor do Aluga-se foi a troca de idéias, a reforma da casa, a aproximação entre os artistas, as novas amizades, o descobrimentos, os relacionamentos, os questionamentos e a casa. Ficar na casa, trabalhar na casa foi fundamental para a montagem da sala.

artistas no aluga-se

rosilene evandro rosana yara marlene e fabiano
ADRIANA DA CONCEIÇÃO
AFONSO TOSTES
ANA NISKI ZVEIBIL
ANA NITZAN
BARBARA RDRIGUES
BETTINA VAZ GUIMARÃES
CINTHIA MARCELLE
DANIEL CABALLERO
EIDE FELDON
EVANDRO PADRO
FABIANO SOARES
FELIPPE SEGAL
GIBA GOMES
JOÃO DI SOUZA
LAIS MYRRHA
LAURA GRSKI
LINA WURZMANN
MAI-BRITT WOLTHERS
MARLENE STAMM
MIRIAN DE LOS ANGELES
NEWMAN SCHUTZE
RAFAEL CAMPOS ROCHA
RENATO PERA
ROBERTO BELLINI
ROBERTO FABRA
ROBERTOFREITAS
RODRIG BRAG
ROSANA NADAY
ROSILENE FONTES
SAMIR JAMAL
SILVIA M
WAGNER MORALES
YARA DEWACHTER

no que você está pensando agora

espaço expositivo que foi dividido entre Renato Pera, Ana Zveibil e Rosilene Fontes

texto de Leda Catunda para a exposição Aluga-se:

“o artista deve avançar especificamente para se perder, e intoxicar-se de atordoantes sintaxes, procurando por curiosas intersecções de sentidos, estranhos corredores da história, ecos inesperados, humores desconhecidos, ou vazios do conhecimento…mas isso exige risco, cheios de ficções infundadas e arquiteturas sem fim ou contra-arquiteturas…E no fim, se é que existe um fim, estarão provavelmente apenas reverberações sem sentido”.
Robert Smithson
Um grupo de artistas se reúne numa velha casa com muitos cômodos, dividem o espaço conforme seus interesses, iniciam um processo de adaptação de suas poéticas particulares levando em conta agora, as características arquitetônicas que qualificam o espaço escolhido. É uma ocupação coletiva. Todos tem o mesmo intervalo de tempo, alguns meses, cabe a cada qual a quantificação de investimentos e esforços. À princípio estão todos sujeitos à uma mesma regra e objetivo comum: acrescentar o fator de aproveitamento de um espaço dado à sua própria poética, seu trabalho, este que vem lentamente sendo elaborado desde o dia em que cada qual decidiu-se artista.
Essa ocupação surge como fator agregador de uma pequena comunidade de artistas a serviço da metáfora de transformar o mundo com sua arte, através da transformação efetiva de uma pequena parte do mesmo, no caso, essa casa.
O número de artistas surgindo de todas as partes só aumenta, assim como tem crescido o público espectador para arte. Considerando a arte ocidental, tal como a entendemos de quinhentos anos pra cá, pode-se, com segurança, afirmar que nunca houve um interesse tão grande em arte contemporânea como hoje em dia. Ansioso em participar e tomar parte dos acontecimentos ou simplesmente em busca de entretenimento, este público forma grandes filas nas portas dos museus, bem como nas infinitas bienais espalhadas pelo mundo.
Interessa observar que tipo de impulso move esses artistas, quais são seus ideais e em que nível se relacionam com o mundo. Pensar de forma geral o que pretendem com sua arte. De que forma escolherão relacionar-se com o desafio de atuar num circuito artístico, por um lado, um tanto quanto desencantado pela intensa mercantilização, onde as relações de compra e venda que se estabelecem coordenam os anseios tanto de quem compra quanto de quem vende. Desta forma, criam-se necessidades paralelas que acabam por promover um forte achatamento das leituras inicialmente pretendidas pelo artista. O alcance poético da obra ou da ação do artista tende a sucumbir a simplória valoração numérica válida para todas as coisas que habitam a esfera da simples mercadoria.
De outro lado ainda, este mesmo artista terá que lidar com um circuito repleto de procedimentos burocratizados com editais e seleções onde, discursos coerentes sobre a produção surgem sempre acompanhados de uma boa documentação. Mecanismos através dos quais criam-se trilhas altamente previsíveis, resultando aceites e recusas inexoravelmente injustos, geralmente baseados em critérios de eficiência no preenchimento dos muitos quesitos exigidos.
Entretenimento, participação, interatividade, denúncia e engajamento politico, ecologia, ocupação, ação, representação, mobilização, residência, no que você está pensando agora? O que escolher no cardápio dos novos estilos e fazeres comuns do momento pós-histórico?
Seria saudável duvidar destes, entre outros fazeres comuns no atual universo da arte. Duvidar de seu real alcance e potencial, uma vez que se pode perceber um alto grau de padronização de atitude, uma espécie de uniformização das manifestações artísticas.
A verdadeira transformação virá, como sempre, de onde menos se espera. À medida em que o artista se submete a regras ou busca coerência com o sistema, ele deixa de investir na liberdade de pensamento e cessam os progressos na investigação do desconhecido, campo este, onde efetivamente se situa toda a área de interesse. Tarefa complexa e ao mesmo tempo estranhamente simples de dar a conhecer o que antes não se sabia, assim como fizeram Mondrian, Picasso e Duchamp, entre muitos outros. Agora não mais necessariamente para trazer o novo, como na modernidade, mas para continuamente transformar o já conhecido. É um processo ininterrupto no qual o artista permanece como ferramenta fundamental na promoção dessa transformação, criando atalhos, renovando olhares e conceitos. Aí está a razão, talvez, do brotamento contínuo de artistas por toda parte, são pessoas a quem interessa criar uma nova fachada para o mundo, novas possibilidades de compreensão do real.
Considera-se que a arte opera num campo específico, promovendo ambiguidade de sentidos através da manipulação de imagens e da criação de metáforas. Isto se dá através de uma leitura perpendicular da realidade que o artista realiza em seus voos. Através dessa ambiguidade, enxerga-se a possibilidade de reservar à arte o poder de relativizar valores padronizados, acentuando a ideia de que ela não tem uma função específica e concentrando investimentos nas sutilezas da poética proposta pelo artista.
São Paulo /Abril de 2010
Leda Catunda

mapa afetivo - atropologia da memória

exposição Aluga-se - São Paulo



Obra: Mapa afetivo

Descrição da obra:
Processo 1: antropologia da memória – ( mapa afetivo)
Desenhos a caneta nanquim e lápis de cor sobre papel arroz, de um mapa da cidade da minha infância. Os primeiros desenhos são fragmentos da cidade que foi nascendo das lembranças parciais só depois consegui juntar e formar a cidade completa.

Processo 1: mapa afetivo - antropologia da memória
Queria lembrar a cidade da minha infância através de um desenho de um mapa. Por mais que minha formação como arquiteta tenha me ajudado, eu só consegui executar o desenho do mapa através de fragmentos da memória, lembranças do passado misturadas com lembranças de sonhos (presente) formando um mosaico parcial da cidade.
O que para mim é o reencontro, o reconhecimento, é ao mesmo tempo um paradoxo – a cidade é um complexo de vazios e cheios, lembranças e não lembranças, sons e silêncios e surge como um gracejo misturando o real e o irreal, a realidade e a imaginação, para no final criar uma cidade autêntica.

O início de todo o processo foi a lembrança de três elementos que me marcaram profundamente e que sonho até hoje: o Rio, a Casa azul e a Árvore.
A Casa, como diz Gastón Bachelard: “Vive a casa em sua realidade e em sua virtualidade, através do pensamento e dos sonhos”. A Árvore que existia na casa, uma acácia amarela que se tornou um personagem para a cidade e minha família, é a raiz, a memória. E o terceiro elemento, o Rio, que eu vejo como a passagem do tempo, o caminho a percorrer. O desenho iniciou fragmentário como as lembranças são, em folhas distintas e só no final eu consegui juntar como um mosaico e formar o mapa.

A idéia é o senso comum universalmente compartilhado, pois a cidade conserva o essencial, o modelo, a repetição não só como objeto cidade, mas também como valores. Ela pode passar por várias interpretações, quando o outro que a vê se identifica com ela através de outras faculdades e de outros valores morais e estéticos. Não importa minhas lembranças pessoais, mas a memória compartilhada e mutável.

aluga-se

A idéia de reunir amigos artistas em uma casa partiu da artista plástica Yara Dewachter. Ela conseguiu uma casa de 400m2 que estava para alugar, que foi emprestada pela Vima Eid. Amigo chama amigo e a casa abrigou 23 artistas e mais 10 artistas convidados.
Para trocar idéias junto com os artistas, dando continuidade aos debates que muitos j'[a haviam participado, vieram o filósofo José Bento Ferreira e o artista Rafael campos Rocha.

Yara queria um espaço para eperimentação, o "fazer livre" que foi alcançado nas visitas à casa, na montagem conjunta dos espaços,nos cafés feito peo Giba e Fabiano, nas cervejas no final da tarde e nos muitos palpites que cada um dava. Com a convivência na casa durante os tres meses antes da inauguração, nasceu uma afetividade com a própria casa.

Lembrando Gastón Barchelard sabiamente disse: vive a casa em sua realidade e em sua virtualidade, através do pensamento e dos sonhos.
E foi assim que cada um passou a sensibilizar os limites de seu espaço.

Foi formada uma diretoria para organizar o evento, custos, apoios, assessoria de imprensa, criação de cursos e palestras e até mesmo uma lojinha com obras de pequenos formatos dos artistas da casa.

A idéia do nome, depois de várias propostas foi dada pelo artista Roberto Fabra e foi unanimidade. Dissociar a casa de nosso dia-dia já não era mais possível. A casa em exposição para ser alugada abrigando as obras em exposição durante dois meses. Alua-se passou a ser um fato. Aluga-se - em exposição - 10 de abril a 30 de junho. Para o texto de abertura da exposição foi convidada a artista plástica Leda Catunda.

Aluga-se foi um sucesso do início ao fim. se quiser saber mais sobre esta exposição
veja o blog:
alugase2010.wordpress.com